A franquia A Bandeira do Elefante e da Arara (ABEA) já conquistou uma série de adeptos no Brasil, por meio de obras literárias e de RPG, mas também lá fora, após a editora de Hong Kong, Porcupine Publishing, ter publicado o jogo de interpretação de papéis em língua inglesa.
A Bandeira do Elefante e da Arara
Para quem porventura ainda não tenha ouvido falar desta obra, A Bandeira do Elefante e da Arara é um RPG lançado em 2017 (com tiragem inicial esgotada em apenas três meses!) e concebido a partir de um livro em quadrinhos e de um romance de fantasia que levam o mesmo título. As histórias deixam de lado elfos, anões, orcs, bem como outras criaturas tradicionalmente retratadas na literatura fantástica, para abordar as criaturas da mitologia e do folclore brasileiros em pleno Brasil Colônia.
O autor e sua obra
O criador da obra é o norte-americano Christopher Kastensmidt, radicado em Porto Alegre – RS desde 2001, período em que era sócio do estúdio de desenvolvimento de jogos eletrônicos, Southlogic Studios. O estúdio foi vendido anos depois para a Ubisoft e, embora tenha trabalhado por um tempo como diretor criativo das operações da empresa no Brasil, o chamado à “pena e o papel” (e aos dados!) falou mais alto.
O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara, uma das histórias do universo de A Bandeira do Elefante e da Arara, já foi finalista do Prêmio Nebula, da Science Fiction and Fantasy Writers of America, um dos mais importantes prêmios de literatura fantástica do mundo, além de ter sido indicado a outros prêmios internacionais. Diversas escolas brasileiras já adotaram tanto o RPG, quanto o romance e os quadrinhos já publicados, tornando a obra uma importante referência na difusão do folclore nacional.
Os personagens principais da narrativa são o holandês Gerard van Oost e o iorubá Oludara, uma dupla de heróis que se encontram pela primeira vez em Salvador, no século XVI. Juntos, eles encaram grandes aventuras e criaturas folclóricas em meio à selva, além de visitarem outros antigos povoamentos como Olinda, Rio de Janeiro e São Paulo, interagindo com os diferentes povos que constituem o Brasil de hoje.
Diversos leitores já compararam a sua obra às aventuras de Geralt de Rívia, o bruxo caçador de monstros da mitologia eslava, da saga The Witcher, criada pelo polonês Andrzej Sapkowski. Os monstros que os heróis enfrentam, neste caso, são o boitatá, o capelobo ou a mula sem cabeça, por exemplo.
O início da série
Fruto de uma exaustiva pesquisa acerca da História Colonial do Brasil, a primeira obra escrita levou três anos para ser concluída. Suas histórias já tinham o público estrangeiro como alvo desde o início. No Brasil, as primeiras três histórias foram publicadas pela Devir Brasil, na série Dupla Fantasia Heroica, mas a conquista do público nacional só veio mesmo quanto a editora publicou o livro em quadrinhos, finalmente intitulado A Bandeira do Elefante e da Arara, em 2014.
As obras de Christopher são parte integrante de uma nova onda de artistas e autores que estão transformando a forma de encarar os mitos e as lendas brasileiras, habitualmente retratadas tendo o público infantil como alvo e tratadas como meras curiosidades do período escolar pela população em geral. Suas histórias já foram publicadas em chinês, espanhol e em inglês.
E não para por aí! Além das produções literárias, A Bandeira do Elefante e da Arara já virou jogo de tabuleiro (Devir) e jogo eletrônico, área bem conhecida de Christopher.
O Guia do Participante
Foram disponibilizadas gratuitamente 63 páginas do Guia do Participante do RPG. O material faz parte da edição expandida do livro de interpretação de papéis lançado em 2019 pela Devir. Você poderá baixar o PDF em versão desktop ou tablet na página oficial do jogo.
No arquivo está disponível tudo o que é necessário para participar das sessões nesse mundo de fantasia situado no Brasil Colônia. Para aqueles que possuem interesse em mediar sessões e criar as próprias aventuras, será necessário adquirir o guia expandido completo
O guia está repleto das belíssimas ilustrações características dos livros da franquia, que retratam primorosamente mitos e folclore brasileiros.
Vencedor do “Oscar do RPG”
Durante a Gen Con 2019, ABEA recebeu o Prêmio ENNIE, o “Oscar do RPG”, pelo Guia do Participante, publicado em inglês pela Porcupine. O livro concorreu na categoria Escolha do Júri junto com os seguintes títulos:
- The Stygian Library (Dying Stylishly Games)
- Archives of the Sky (Aaron A. Reed)
- Sigmata: This Signal Kills Fascists (Land of NOP LLC)
- plot ARMOR (Mostly Harmless Games)
- A Bandeira do Elefante e da Arara: Guia do Participante (The Elephant & Macaw Banner: Player’s Guide) (Porcupine Publishing)
Títulos publicados de ABEA
- A Bandeira do Elefante e da Arara: O Encontro Fortuito (HQ – 2007)
- Duplo Fantasia Heroica 01 (2011)
- Duplo Fantasia Heroica 02 (2011)
- A Bandeira do Elefante e da Arara (Romance – 2016)
- A Bandeira do Elefante e da Arara: Livro de Interpretação de Papéis (RPG – 2017)
- A Lenda da Ave Dourada (RPG – 2017)
- Duplo Fantasia Heroica 03 (2018)
- Misteriosa Sesmaria de Dom Perestelo (RPG – 2018)
- A Capitania Real do Rio de Janeiro (RPG – 2018)
- O Veneno de Yara’Raka (RPG – 2019)
- A Maldição de Ipaúna (RPG – (2019)
- Flagellum Amazonis – A Ilha Abandonada (RPG – 2020)
- Flagellum Amazonis 2 – A Mãe Serpente do Mundo (RPG – 2021)
- Senhoras do Pássaro da Noite (RPG – 2021)
Matéria previamente publicada no blog Mythologica.